terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Obama. A esperança e a desilusão

Hoje tomou posse o 44º Presidente dos Estados Unidos. Não tenho memória de ter sido eleito um Presidente Americano que granjeasse, em todo o mundo, tanta simpatia no dia da sua tomada de posse.
Espantoso. Foi eleito por pouco mais de 50% dos votos do povo americano e hoje recolhia a simpatia de 80%.
Sem governar o Presidente Obama tinha conquistado 30% do eleitorado americano.
O globo é simpatizante de Obama, desde o comunista Fidel aos governantes mais direitistas deste mundo.
Pasme-se. Até Durão Barroso é fã de Barack Obama. Será que hoje George Bush votaria Obama? Não me espantaria, tanto camaleão se vê por esse mundo fora, mas quase todos esquecem que Obama só é Presidente dos Estados Unidos porque o baralho de cartas do sistema financeiro ruiu na "melhor" altura para que um mulato pode-se ser Presidente nos Estados Unidos; de contrario, lá tínhamos que continuar a suportar a superioridade americana assente num governo conservador a cantar vitória na derrota que estão a sofrer no Iraque e a colocar porta aviões em tudo o que é passagem para policiar tudo e todos.
A vitória de Obama está para a crise financeira como a eleição de Zapatero está para o atentado do 11 de Março em Madrid. A vitória de ambos não se deveu a uma consciencialização mas a uma reacção emocional.
Quero com isto dizer que não foi a consciência colectiva que ditou aos americanos a necessidade de mudar de governação, mas o impulso do momento e da circunstância; daí se verificar tão acentuado e repentino apoio a alguém que ainda não governava e já subia a sua popularidade para indicadores record.
Hoje Obama é um Deus de quem se espera um milagre e rapidamente. Como não é possível e as soluções nunca poderão ser de curto prazo, lamento concluir que daqui a um ano, muitos dos que hoje são incondicionais apoiantes já sejam os seus maiores delatores.
O povo é assim, tanto endeusa como inferniza, esquecendo que a mudança só pode ser lenta e gradual e não há soluções milagrosas.
Nunca gostei de enfatizar ninguém porque a idolatria é um instrumento da escravidão moderna, mas gostei de ouvir a Barack Obama que tem consciência que vai cometer erros. É humano e seria bom que os políticos de todos os quadrantes tivessem a humildade de dizer publicamente que nem sempre actuaram bem e reconhecerem que erraram. Talvez a população em geral acreditasse mais e o mundo fosse mais justo e mais esclarecido.
Temos hoje um Presidente que nunca erra e raramente se engana. Temos um Presidente da Comissão Europeia que por interesse e ambição estritamente pessoal abandonou Portugal e borrifou-se para o que viesse a seguir, o tal que lambeu as botas ao amigo americano e esteve a seu lado no lançamento de uma guerra assente na mentira. Hoje não há dirigente ou militante do PSD que não seja acérrimo apoiante de Barack Obama.
Haja decoro e um mínimo de coerência e, se assim for, talvez a ética política tenha algum significado.

1 comentário:

  1. Isso não é bem assim!! Eu teria votado em MCCain, apesar de reconhecer que o Obama merece a minha simpatia, mas o meu voto nestas eleições teria sido claramente para o GOP, do MCCain.

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