sábado, 20 de junho de 2009

Assuma-se a realidade.

Não sou daqueles que gostam de tentar esconder o evidente, ou melhor dizendo, transformar derrotas eleitorais em discursos de vitória.
Sejamos pragmáticos e sem rodeios afirmar que o Partido Socialista sofreu nas eleições para o Parlamento Europeu uma derrota eleitoral. Ganhou o PSD e todos os restantes partidos da oposição viram significativas melhorias nos seus resultados.
Se as sondagens não reflectiram os resultados, nem por isso se podem considerar que tenham sido uma autêntica surpresa.
Claro que o eleitorado não votou sobre propostas e projectos europeus; a grande maioria, como também já era expectável, borrifou-se para as eleições; dos que votaram haverá concerteza um número significativo que votou em protesto contra o governo.
Na hora do voto muitos dos eleitores, que acredito sejam a favor de um projecto europeu, votaram em partidos anti europeus, nomeadamente, PCP, CDS e Bloco de Esquerda; isto porque a situação económica se agravou no último ano em todo o mundo com reflexos extremamente negativos na economia das famílias, das empresas e das nações. E quando assim é, não há governo nacional que seja, só por si, capaz de evitar a degradação das condições económicas e sociais dos seus países e dos seus cidadãos. Resultado, as pessoas votam contra o poder em exercício, seja ele qual for.
Isto para dizer que é perfeitamente compreensível este resultado eleitoral, agravado com alguns erros que o Partido Socialista, consciente ou inconsciente cometeu nos últimos tempos; nomeadamente, não ter dado um sinal claro de distanciamento relativamente ao papel desempenhado pelo Banco de Portugal na sua qualidade de supervisor da actividade bancária. Direi apenas que se o Banco de Portugal não via palheiros nunca poderá ver agulhas e, nessa medida, o Dr. Victor Constâncio, deveria ter uma atitude mais digna assumindo pessoalmente a sua responsabilidade politica de uma incapacidade técnica demonstrada pela Instituição que dirige.
O Partido Socialista deve ser um partido de governo e não um partido de intocáveis. Se assim for o Partido Socialista voltará a merecer rapidamente a confiança generalizada dos cidadãos porque é um partido de projecto social, de projecto económico sustentado, de visão humanista da sociedade e esses valores são queridos à esmagadora maioria das pessoas.
O Partido Socialista assume relativamente à Europa uma postura de aproximação cada vez maior entre os povos para que todos se unam num projecto politico aglutinador e, para que em democracia se enraíze um sentimento europeu, relegando para plano aceitável o egocentrismo dos patriotismos e nacionalismos que têm sido fonte de ódios e guerras constantes.
Como é possível haver partidos contra o desenvolvimento dos laços europeus, mas passam o tempo a reivindicar da Comunidade Europeia e para a qual nada querem contribuir?
Alguém de bom senso aceita uma filosofia de tudo querer receber e de nada querer dar em troca?
O exemplo dos pedinchas está bem patente aqui no nosso concelho. O Partido Comunista no Seixal passa o tempo a lançar fel contra a Europa, mas agora prepara-se para fazer uma campanha demagógica sobre investimentos a realizar que não realizaria se não fossem as comparticipações comunitárias.